The Last Song I'm Wasting on You

(o título é uma música que estou ouvindo neste momento).


Encaixar-se é tão difícil. Ser parecido, estar ao lado.
Tentar ser feliz daquele jeito e não de outro. Ter de se misturar.
Uma homogeneidade que você muitas vezes não gostaria que fosse assim. Mas aceita.
Ações, pensamentos, julgamentos, idéias, todos são modificados para que se encaixem ao que lhe convém.
Mas convém a quem tudo isso?

Quem ditou essas regras? Quem as proferiu? Quem as segue? Quem?

Dizer um nome seria culpar alguém por tudo, sendo que muitos são os culpados e poucos os inocentes. Ou ninguém é inocente, pode-se pensar assim também.
Dizer vários nomes seria culpar um grupo que pode ser mais forte que você e te engolir.
Dizer um nome coletivo seria culpar uma entidade inteira. Ora elas também são mais fortes que você.

Portanto, ninguém quer culpar ninguém por ter posto essas regras nas nossas cabeças.
O que tem de ser será, independente do que você ache certo ou errado, independente disso bater fortemente no seu coração e ele sangrar. Aceite. Não precisa entender. Aceite.

O que não é muito diferente do que acusam a Igreja de fazer. Dar a doutrina sem explicar. Aceite. Não precisa entender. Não conteste. Apenas aceite.
Nunca disse que sou a favor dessa ignorância religiosa. Talvez por ter mais acesso às verdades escondidas, eu entenda que os homens antigos se revoltem por conta da escuridão que a Igreja deixava seus fiéis. Mas eram regras restritas, assim como esses que se revoltaram impuseram sobre nós e agora somos obrigados a segui-las, sem questionar, sem pensar, e nem por instinto fazemo-las, pois o instinto também é inferior e descartável.
Antes, o homem se alegrava em poder dizer que é feito à imagem e semelhança de Deus.
Hoje ele se contenta em admitir que é um simples animal, e nem sempre racional.


Valores tão distorcidos, comodismos, modinhas, vontades, paixões, tentações, falta do controle do corpo e da mente. Tudo isso é o que os homens de hoje contentam em ter. Em existir. Sem viver.
Tento ao máximo não ser um ser perfeito. Tento ao máximo ser um SER HUMANO.
Ora, esses mesmos homens que ditaram essas regras e valores, também ditaram que o SER HUMANO É LIVRE. Ele não precisaria ter de mudar e abster-se da sua liberdade para ter um pouco de amor. Um pouco de carinho. De amizade.
Não precisaria ter que tornar-se outro para estar rodeado de pessoas que gostam dele.
Nos acomodamos para não machucar o próximo. Mas até que ponto deixamos de machucar o próximo? Quando veremos que chegamos ao ponto de estarmos nos machucando?
E temos também a sensação de liberdade que nos é tirada, quando nos abstemos de dizer o que sentimos, quando deixamos de fazer algo que queremos para fazer algo que somos sujeitos a fazer. Não somos mais livres quando nossas vontades ou nossos medos, nossa personalidade nos comanda. Não somos mais livres quando todos os valores nos pegam e asfixiam toda e qualquer forma original, própria ao nosso corpo e nossos sentimentos de liberdade, de pensamento, de vida, de amor.
É tão difícil encaixar-se. E deveria estar brava escrevendo isso, ou poderia escrever um texto irônico. Mas sinto pena de mim mesma. Por tentar de novo me encaixar no que todos dizem. Na inversão dos valores. Todos seguem a mesma moda de criticar a sociedade. Não digo que reclamar não faz bem. Mas todos fazem do mesmo jeito. E não tenho presunção suficiente para dizer que sou diferente. Sinto pena, só isso.


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